Nenhuma lição é tão poderosa como a do exemplo. Filtra-se ela pelo nosso espírito sem que o sintamos ; e ela nos invade, nos conquista, nos possui totalmente, sem que possamos determinar ao certo qual foi o fato, o acontecimento que em nós estabeleceu este ou aquele sintoma, esta ou aquela inclinação, sem que possamos dizer o que foi que nos trouxe tal vício, tal idiossincrasia, tal propensão boa ou má. (Aluísio Azevedo)

EFEMÉRIDES DO CALANGO

Já viu esse aqui?

Sonja, por Bruce TimmSonja, por Bruce Timm

18 agosto, 2007

[homenagem] Carlos Drummond de Andrade faleceu há 20 anos

Sei que o dia da homenagem foi ontem (17/08), mas não tive como postar. Então, lá vão duas poesias bem diferentes para mostrar que o poeta tinha extremos em sua obra.

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A puta

Quero conhecer a puta.
A puta da cidade. A única.
A fornecedora.
Na rua de Baixo
Onde é proibido passar.
Onde o ar é vidro ardendo
E labaredas torram a língua
De quem disser: Eu quero
A puta
Quero a puta quero a puta.

Ela arreganha dentes largos
De longe. Na mata do cabelo
Se abre toda, chupante
Boca de mina amanteigada
Quente. A puta quente.

É preciso crescer esta noite inteira sem parar
De crescer e querer
A puta que não sabe
O gosto do desejo do menino
O gosto menino
Que nem o menino
Sabe, e quer saber, querendo a puta.

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Cidadezinha Qualquer

Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar

Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.

Devagar . . . as janelas se olham.

Eta vida besta, meu Deus.

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Lembrando, ainda, que apesar de ser mais conhecido como poeta, foi um cronista excepcional e tem vários licros de prosa que valem a pena ser lidos sempre.

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