Sei que o dia da homenagem foi ontem (17/08), mas não tive como postar. Então, lá vão duas poesias bem diferentes para mostrar que o poeta tinha extremos em sua obra.
_________________
A puta
Quero conhecer a puta.
A puta da cidade. A única.
A fornecedora.
Na rua de Baixo
Onde é proibido passar.
Onde o ar é vidro ardendo
E labaredas torram a língua
De quem disser: Eu quero
A puta
Quero a puta quero a puta.
Ela arreganha dentes largos
De longe. Na mata do cabelo
Se abre toda, chupante
Boca de mina amanteigada
Quente. A puta quente.
É preciso crescer esta noite inteira sem parar
De crescer e querer
A puta que não sabe
O gosto do desejo do menino
O gosto menino
Que nem o menino
Sabe, e quer saber, querendo a puta.
_________________
Cidadezinha Qualquer
Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar . . . as janelas se olham.
Eta vida besta, meu Deus.
Lembrando, ainda, que apesar de ser mais conhecido como poeta, foi um cronista excepcional e tem vários licros de prosa que valem a pena ser lidos sempre.