Serendipidade, também conhecido como Serendipismo, Serendiptismo ou ainda Serendipitia, é um neologismo que se refere às descobertas afortunadas feitas, aparentemente, por acaso.
A palavra Serendipidade se origina da palavra inglesa Serendipity, criada pelo escritor britânico Horace Walpole em 1754, a partir do conto persa infantil "Os três príncipes de Serendip". Esta história de Walpole conta as aventuras de três príncipes do Ceilão, actual Sri Lanka, que viviam fazendo descobertas inesperadas, cujos resultados eles não estavam procurando realmente. Graças à capacidade deles de observação e sagacidade, descobriam “acidentalmente” a solução para dilemas impensados. Esta característica tornava-os especiais e importantes, não apenas por terem um dom especial, mas por terem a mente aberta para as múltiplas possibilidades. Serendip era o nome pelo qual os comerciantes árabes da antiguidade se referiam ao Sri Lanka.
Esse conto, envolvendo o Imperador Persa Bahram V, que governou o Império Sassânida (420-440), relatado em poesia épica, numa mescla natural de fatos históricos e lendas folclóricas da região, foi contada através de centenas de anos na tradição oral de muitas culturas. Também descrita por vários autores, orientais e ocidentais, desde o século XI, essa história ganhou repercussão a partir da versão de Walpole.
A influência na língua inglesa dessa publicação de Walpole foi tão grande que gerou a palavra inglesa 'Serendipity' (a propensity for making fortunate discoveries while looking for something unrelated - qualquer coisa como (em português) 'descobertas afortunadas feitas, aparentemente, por acaso'). Essa palavra inglesa é relatada como 'uma das dez palavras mais difíceis de se traduzir para outras línguas' (cf. "Words hardest to translate" - Global Oneness - British translation company) e, no entanto, é a palavra mais importada para outras línguas devido ao uso em Sociologia.
Uma das versões é a seguinte:
Um discípulo olhou para seu mestre certa vez e perguntou:A história da ciência está repleta de casos que podem ser classificados como serendipismo. O conceito original de serendipismo já não prevalece. Nos dias de hoje, é considerado como uma forma especial de criatividade, ou uma das muitas técnicas de desenvolvimento do potencial criativo de uma pessoa adulta, que alia perseverança, inteligência e senso de observação.
- Mestre, é bom para os sábios para provar a sua inteligência?
- Às vezes pode ser bom e honrado que os homens rendam homenagens
- Apenas às vezes?
- Outras podem levar a uma infinidade de desgraças. Isso é o que aconteceu com os três príncipes de Serendip, que usaram sua inteligência sem cuidado. Eles haviam sido educados por seu pai, que era arquiteto do Xá da Pérsia, com os melhores professores, e estavam indo em uma viagem à Índia para servir o Grande Mogol, a quem tinham ouvido de sua grande estima pelo Islã e pelo saber. No entanto, eles tiveram um acidente em seu caminho.
- O que aconteceu?
- Numa noite como esta, caminhando em direção à cidade de Kandahar, um deles afirmou ter visto pegadas na estrada: "Por aqui passou um camelo cego do olho direito."
- Como pode adivinhar uma coisa dessas com tanta precisão?
- Ele tinha notado que a grama do lado direito da estrada, à beira do rio, e, portanto, mais verde, estava intacta, enquanto a do lado esquerdo, que dava para a montanha e era mais seca, foi comida. O camelo não via a grama do rio.
- E os outros príncipes?
- O segundo, que era mais sábio, disse: "Falta um dente a este camelo."
- Como poderia saber?
- A grama arrancada mostrava pequenos tufos que não tinham sido comidos e que eram da largura de um dente de camelo.
- E o terceiro?
- Era muito mais jovem, mas ainda mais esperto, e, como é natural aos mais novos, mais radical em suas falas. Ele disse: "O camelo é coxo de uma das duas patas traseiras. A esquerda, com certeza."
- Como ele sabia?
- As pegadas eram mais fracas deste lado.
- E deduziram algo mais?
- Sim. O mais velho, picado pelo bicho da competição, disse: "Aposto minha posição de arquiteto sênior do reino que o camelo levava uma carga de manteiga e mel."
- Mas isso é impossível adivinhar!
- Ele tinha percebido que havia um grupo de formigas comendo de um lado da estrada, e do outro havia um verdadeiro enxame de abelhas, moscas e vespas.
- Agora ficou difícil para os outros dois irmãos superarem.
- O segundo irmão apeou do cavalo e se adiantou. Ele era o mulherengo do grupo, uma vez que não é surpreendente o que afirmou: "O camelo levava uma mulher." E se pôs vermelho de excitação com a ideia do corpo pequeno e gracioso da jovem, uma vez que eles haviam deixado a cidade de Djem há alguns dias e não tinha visto nenhuma mulher desde então.
- Como ele poderia saber?
- Tinha algumas pequenas pegadas na margem lamacenta do rio.
- Por que ela tinha apeado? Tinha sede?
- O terceiro irmão, absolutamente ferido em seu orgulho de adolescente pela inteligência dos dois mais velhos, disse: "Uma mulher que está grávida, meu irmão. Vai ter que esperar um pouco para satisfazer os seus desejos."
- Isso é ainda mais difícil saber.
- Ele tinha notado que ela havia urinado na margem da estrada, mas teve que se valer das duas mãos para levantar porque lhe pesava o corpo ao agachar.
- Os três irmãos foram muito inteligentes.
- No entanto, sua sabedoria trouxe muitas desgraças depois.
- Porque?
- Pelo orgulho próprio da juventude. Ao se aproximar da cidade, viram um comerciante que gritava enlouquecido. Haviam sumido um dos seus camelos e uma das suas esposas. No entanto, estava mais triste com a perda de carga que levava o animal, e culpava sua jovem esposa que também tinha desaparecido.
- Seu camelo era cego do olho direito?, disse o irmão mais velho.
- Sim, disse o comerciante intrigado.
- Faltava algum dente?
- Era um pouco velho, disse resmungando. E tinha lutado com um jovem camelo.
- Ele era coxo da perna esquerda traseira?
- Eu acho que sim, ele machucou-se na ponta de uma vara.
- Tinha uma carga de mel e manteiga?
- Uma carga preciosa, sim.
- E uma mulher?
- E muito negligente, minha esposa.
- Estava grávida?
- Por isso demorava com suas coisas. E eu, pobre de mim, a deixei para trás um pouco. Onde vocês a viram?
- Nós nunca vimos seu camelo, nem sua esposa, bom homem, disseram os três príncipes rindo alegremente.
O discípulo riu também: "Eles eram muito sábios."
- Sim, mas o bom comerciante estava com raiva. Quando os vizinhos do mercado lhe disseram que tinham visto três assaltantes atrás de seu camelo e de sua esposa, denunciou os três príncipes.
- Mas eles estavam certos!
- Foram traídos por seu orgulho juvenil. Eles descreveram todas as características do camelo com tanta precisão que ninguém acreditou neles quando disseram que nunca tinham visto o camelo. E eles riram do comerciante, conforme muitas testemunhas disseram. Foram levados para a prisão e condenados à morte já que em Kandahar o roubo de camelos é o pior crime, mais que o rapto de mulheres.
- Que triste destino para os sábios.
- As coisas não terminaram tão mal. A mulher escapou, e pode chegar antes da fatalidade que ocorreria em praça pública, como era o costume para punir ladrões de camelos. O poderoso Emir de Kandahar se divertiu bastante com a história e nomeou aos três ministros. Aliás, o segundo irmão se casou com a menina, que estava bastante farta do comerciante.
- A sabedoria tem sua recompensa.
- O acaso os salvou e aprenderam a ser mais cautelosos quanto ao momento de expressar sua inteligência aos outros.
Talvez a história mais emblemática de descoberta por serendipidade seja a da penicilina.
Ao se preparar para entrar em férias por duas semanas, Alexander Fleming inoculou estafilococos em uma bandeja e, ao invés de colocá-la na incubadora, como normalmente fazia, resolveu deixá-la sobre a bancada.
No andar de baixo do laboratório de Fleming trabalhava um perito em bolores que cultivava, entre outros, os esporos de um fungo desconhecido, o Penicillium notatum. Imagina-se que os esporos, muito leves, tenham sido levados pelo vento e estavam flutuando em grande quantidade no ar do laboratório de Fleming, cuja porta sempre ficava aberta.
Retornando das férias, e encontrando o laboratório em grande desordem, Fleming começou a fazer uma limpeza geral. Repentinamente, uma das bandejas de estafilococos que estava prestes a ser desinfetada chamou-lhe a atenção. A placa apresentava uma larga zona clara totalmente desprovida de estafilococos, justamente a parte que estava cercada pelo mofo Penicillium. Fleming havia descoberto a penicilina, primeira droga capaz de curar inúmeras infecções bacterianas.
De maneira simplista pode-se dizer que serendipidade é "mirar no rato e acertar o elefante".
Eis uma breve lista de descobertas relacionadas ao padrão de serendipidade:
Eis uma breve lista de descobertas relacionadas ao padrão de serendipidade:
Fontes:
DESCOBRIMENTO DA AMÉRICA FOI EM 1492 E NÃO EM 1894 CONFORME VC INFORMOU. PRECISA TER MAIS CUIDADO E REVER O TEXTO ANTES DE PUBLICÁ-LO. ALÉM DO MAIS, A DESCOBERTA DA AMÉRICA FOI ALGO CONSCIENTE...NADA A VER COM SERENDIPIDADE.
ResponderExcluirObrigado pela lembrança, Record. Com certeza tenho cuidado com meus posts e reviso, mas erros acontecem. A tabela foi obtida em uma artigo acadêmico e isso deve ter gerado um nível de confiança que se transformou em uma armadilha. Já editei a imagem original.
ResponderExcluirQuanto à sua observação sobre a descoberta da América, acredito que o autor da tabela trabalhou com a perspectiva mais conservadora de que Colombo buscava a Índia e, por acaso, descobriu a América.
Por último, sempre aceito comentários críticos aos meus posts, mas me permito indicar que você poderia ser menos agressivo em suas observações.