EFEMÉRIDES DO CALANGO

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29 maio, 2008

[quadrinhos] Carnaval de quadrinhos das quartas #17 - Autores brasileiros

Este post faz parte da publicação coletiva "Carnaval dos Quadrinhos das Quartas". A Toca do Calango estava afastada desde a edição 13, mas retorna orgulhosamente nesta 17ª edição, cujo tema são autores nacionais.
Decidi falar de um autor não tão aladeardo pelo país, mas que considero um mestre. Sua verve e criticidade é comparável à de Quino e sua Mafalda. Falo de Edgar Vasques e seu excepcional Rango.
Edgar Luiz Simch Vasques da Silva nasceu em 5 de outubro de 1949, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Publicou pela primeira vez na revista "Grilus", editada pela faculdade de Arquitetura, onde diplomou-se.Iniciou-se profissionalmente em 1968, no Correio do Povo, em Porto Alegre. Também trabalhou nos periódicos "Folha da Manhã" (RS), "Diário do Sul" (RS), "Pasquim" (RJ), "Coojornal", “Jornal do Inter”, “Jornal do Grémio” além das revistas "Versus", “Ovelha Negra” e "Playboy" (onde senhava as aventuras do Analista de Bagé com argumento de L. F. Veríssimo).

Cliquem para ampliar!
Edgar Vasques atua também como ilustrador de livros e tem uma longa carreira de chargista nos mais de 500 números do extinto jornal gaucho Diário do Sul. Publicou no exterior pela revista "Charlie" (França). Criador do personagem Rango, é autor de 13 livros com seu personagem e participou de várias antologias, além da versão quadrinizada do Analista de Bagé (final da década de 80). Para quem não sabe, o Analista de Bagé é um personagem de crônicas criado pelo conhecido escritor Luís Fernando Veríssimo.
Mas seu personagem mais célebre é, sem dúvida, o já citado Rango. No início dos anos 70, Edgar Vasques criou um personagem que tinha a intenção de mostrar a cara do Brasil: Rango, um desempregado pobre e barrigudo que vivia em um depósito de lixo. Com muita crítica social - e, obviamente, econômica e política - as tiras do personagem fizeram sucesso em publicações universitárias e logo alcançaram grandes jornais. A primeira aparição de Rango foi na revista Grilus, a revista do Diretório Acadêmico da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde Vasques então estudava. A partir de 1973, Rango ocupou as páginas de vários periódicos brasileiros, como Pasquim e Folha da Manhã. Fazendo parte do boom de humor da década de 70, simbolizou a resistência à ditadura militar.
Em 1974, a editora LP&M lançou seu primeiro livro, tendo o personagem como tema e com prefácio do escritor Érico Veríssimo, que se declarava fascinado pelo personagem e pelas situações tragicômicas que ele vivia. Vasques nunca deixou de desenhar Rango - assim como, infelizmente, os problemas de desigualdade social que o personagem retrata nunca deixaram de existir (pelo contrário, em alguns casos até se agravaram) -, mas o personagem perdeu um pouco do espaço que tinha nos jornais, ainda que seja mais atual que nunca. Recentemente, em 1998, a LP&M lançou uma edição comemorativa, O Gênio Gabiru, trazendo 160 tirinhas inéditas em uma só publicação. E, como bem resumem os editores da publicação, “mudaram as moscas, mas a paródia continua cada vez mais real”.
Rango é um desempregado que vive em um lixão, em companhia do filho e de um coleguinha dele (aparentemente um menor abandonado), do cachorro Sarna e de outros personagens típicos da miséria social. Nas tiras são satirizadas/criticadas situações de fome, frio, falta de dinheiro, política econômica, política social (a falta de uma) e por aí afora. O humor é dilacerante, acentuado pelos traços simples e propositadamente sujos da tira. Difícil saber se é para rir ou chorar, por exemplo, quando o garotinho abandonado ao ouvir a pesquisa de que cada brasileiro consome duas balas por dia responde, com naturalidade: “uma de 22 e uma de 38”.

Além de Rango, o cachorro e dos dois garotinhos, aparecem, entre outros, o velho Baba, sempre bêbado; o véio Dica, que nunca sai de dentro de sua lata de lixo; o “pesquisador” Bedelho; o mendigo peruano; vovô Ratz (um rato que vive no lixão); o cantador nordestino Cantochão e, mais recentemente, o débil-mental gênio Gabiru.
Curiosidade: Rango contra a ditadura - Nos tempos ditadura militar, a tira de Rango foi uma dos principais responsáveis pelo “empastelamento” do lendário jornal Pasquim. Atualmente, no entanto, Rango está estimulando a reflexão em outro jornal, que tem uma missão tão ou mais nobre que a do extinto jornal de Ziraldo e companhia: o Jornal da Associação de Apoio à Criança e ao Adolescente, a Amencar (http://www.amencar.org.br)
E, como percebe-se em seu personagem, Vasques sempre foi um engajado. Fundou a Grafistas Associados do Rio Grande do Sul (Grafar), do qual já fizeram Kipper, Alan Sieber, Adão Itarrusgarai, Rodrigo Rosa e hoje (2001) fazem parte Fábio Zimbres, Uberti, Schröder, Hals e Bier entre outros. Trata-se de uma entidade informal, que auxilia na formação de cartunistas e em sua participação em sindicatos e eventos de âmbito internacional (como no caso do Fórum Social Mundial, onde os cartunistas fizeram charges que foram reproduzidas no Le Monde Diplomatique, em banners por Porto Alegre, cartazes e em traseiras de ônibus, tematizando a globalização). Ou vocês acham que ser quadrinista brasileiro é fácil?

Fontes:
Vejam outros artigos desta edição em:


6 comentários:

  1. Anônimo1:45 AM

    Obrigada pelos elogios calango...e são recíprocos! Já vou colocar o link da Toca lá no post!

    Carol K.
    Agora de casa nova: NewsErrado
    newserrado.com

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  2. E aew calango!

    Veja meu post, indiquei seu blog...
    Pq ter um blog bom não tem preço

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  3. ae parceiro tudo tranquilo so aproveitando os comentarios pra dizer que o toca esta no outr blog do oiabomba http://oiabomba.wordpress.com/ .valew sucesso cara.

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  4. Obrigado, Carol!
    Que bom que gostou, Caos!
    OiaBomba, cê tá bombando na web, hein?

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  5. Ótima escolha que vc fez! Não conhecia o trabalho do Edgar Vasquez e gostei muito!

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  6. Calango, ótima postagem, não conhecia o trabalho do Edgar, aliás, pouco conhecia os outros cartunistas da edição 17, à exceção do Maurício de Souza. Gosto desse tipo de charge, lembra mesmo a Mafalda, infelizmene é um tip ode crítica que não fica velha.
    Até
    Gustavo Ganso

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